domingo, 11 de novembro de 2012

Cada Voz.

Identidade de cada um surgindo pouco a pouco. Uma aula, várias histórias. 
Uma história, várias vertentes. 
E são tantas, que eu me confundo, me rodeio, me certifico da dferença nítida de cada um, e me divirto com tudo isso.






 

É assim.

Tudo junto!
Eu contigo.
Tu comigo.
Nós e mais um.
E assim fomos nós nessa aula. Que tenhamos mais dias tão unidos como fomos hoje. Teatrotudojunto

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Desconforto.

Hoje nós tivemos as apresentações de dois seminários que me contaram sobre pessoas que até antes, nunca houvera falar. Isso é muito interessante, porque eu sinto como se meus olhos estivessem alcançando visões que antes não conseguiam. Como se meu olhar se tornasse mais amplo. Mais completo.
É raro em uma conversa prestar atenção em tudo o que o colega fala, normalmente a gente se distrai com coisa boba, mas com esses seminários, sinto como se mantivesse uma conversa com meu colega, só que, uma conversa onde só recebemos informações, calados. Aproveitando tudo.

Em seguida, a Wlad iniciou um jogo extremamente desconfortável. Sério. É para sermos sinceros aqui, não é? Pois então.
Marcelo teve que escolher pessoas para representar sua família. Ele me escolheu para ser a Mãe.
 Mãe.
A responsável pela tua vida. A mulher que pode ser a pessoa mais importante, alguém que em metade da tua vida decide o que é melhor ou não pra ti. Nada tira da minha cabeça que ela era a pessoa mais importante naquele jogo.
Foi uma sensação horrível. A sala pesou, uma dor dominou meu peito e tudo o que eu sabia fazer era chorar. Era proibido falar, mas falar pra que? O meu corpo já dizia tudo. Eu estava arrasada. Me sentia impotente, ele me manteve distante e isso me doeu ainda mais. 
Talvez seja assim que ela se sinta. A mãe dele, quero dizer. Impotente. Ele é um homem maravilhoso, um ator incrível. Qualquer mãe teria orgulho dele. 
Isso me fez pensar no futuro. Não quero ser uma mãe que se sinta impotente. Não quero que o meu filho me queira longe. Quero ele como amigo, quero ele do jeito que ele for. 
Porque tenho certeza que vou amá-lo incondicionalmente.
Não quero escrever muito sobre essa aula. Não sei o porquê, ou talvez saiba mas não queira publicar. Bom, é isso.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Parto.


Nessa postagem, eu começo contando a história antes de entrar naquela sala já familiar.
O Parto foi árduo, difícil. Estávamos com muita dificuldade. A criatividade parecia estar presa. 
Foi necessário então pedir ajuda. Corri a parentes perguntando se algum tinha um objeto ou ideia que pudesse me ajudar a parir logo isso. Ninguém tinha. Ouvia-se somente aquela típica estranheza. "Parto? Como é Isadora? Que parto é esse?" Depois de explicações rápidas, dadas sem real intenção de fazê-los entender, ouviam-se alguns "Aaah, sim".
Conversei com duas das pessoas mais importantes de fazerem este parto possível. Minha mãe, Dora Lúcia, e minha tia, Rosa Arraes.
Elas me contaram com alguns detalhes particulares que não batiam com a história da outra. Eu ria das duas, de repente tudo se tornou mais fácil, como se meu corpo agora, estivesse preparado.
Preparei-me pra ir até o local indicado. Entrei na sala encontrando vários colegas que estavam no mesmo estado que eu, outros, pareciam querer forçar o nascimento, não estavam prontos ainda.
E isso foi nítido.
Alguns dos partos me emocionaram. Outros me fizeram gargalhar de rir. Foi uma aula muito bonita. Com muitos nascimentos.

Eis aqui o meu. Esta é a Isadora, presente na minha trajetória, mas dessa vez, em uma posição de observadora.
Esta sou eu, participando do meu nascimento, mas com uma responsabilidade diferente. Agora eu sou a encarregada de fazer o meu parto.
Nesse dia, eu fui a que escreveu a história. Eu dei a partida.

A Junção.

Atrasei as postagens. Acho que estou começando a sentir as dificuldades de fazer o curso técnico e o superior ao mesmo tempo. Sorte minha ter as anotações guardadas. Ok.
Dia 26/03 iniciaram as apresentações dos Seminários. As vezes eu tento pensar como a professora: Porque a Wlad mantém uma aula em que acontece tantas coisas paralelas? Isso não atrapalharia os alunos ao invés de ajudá-los? Então, eu percebi. A aula dela sempre parece mais longa que as outras, e o porquê disso é que ela utiliza todo o tempo possível com atividades diferentes, o que faz os alunos permanecerem atentos do início ao final das aulas. É um detalhe interessante de ser notado, porque afinal, somos futuros professores, não é mesmo? temos que saber prender o nosso público tanto quanto ela sabe.
Depois iniciaram os primeiros trabalhos com o nosso lençol. Até então, ninguém sabia que eles teriam outra utilidade além de apresentar a nossa família. Não seriam só os parentes a serem apresentados, iríamos também nos apresentar utilizando ele.
Criar diversos objetos cênicos com um único de início parece difícil, mas depois que você determina um foco e trabalha a sua mente junto ao corpo, tudo se torna mais fácil.
O lençol-corpo-mente torna-se uma coisa única. o Lençol cria formas que parecem estarem interligadas a pulsação do corpo, a respiração e até mesmo ao seu estado de espírito.
O corpo e o Objeto traçando uma única trajetória.

domingo, 25 de março de 2012

Um Olhar diferenciado.

A aula teria como início a continuação das apresentações das famílias dos colegas que não conseguiram apresentar na última Segunda. Dessa vez eles contavam com o auxílio do Lençol para ajudá-los na explicação. 
Eu estava envergonhada. Havia tantas pessoas com lençóis bonitos e, o meu lá, mal feito.
Não que tivesse sido feito de qualquer forma, mas, eu não tenho talento pra essas coisas... Eu não sei desenhar, e logo assim, o meu lençol não ficou o dos melhores. Pra dar um ponto final nele, minutos antes de eu entrar na sala, eu o coloquei na bolsa da minha colega, que ao entrar na sala, percebeu que dentro da tal bolsa tinha refrigerante e que ele havia derramado todinho no meu lençol.
Escondi o tal lençol dos olhos dos meus colegas. Não acredito que a minha família estava representada naquilo.
Wlad separou-nos dos que ainda não haviam apresentado e mandou-nos olhar e perceber detalhes das apresentações, ficarmos atentos a tudo.
Ajeitei-me no chão e comecei a prestar atenção no que eles falavam.
Histórias hilárias, outras nem tanto... Olhos emocionados, outros nem tanto. A diferença era imensa. É incrível como um ser humano é capaz de se diferenciar de forma absurda e como ele pode conter um mar de histórias e vivências. 
Eu nunca houvera percebido isso. Que cada pessoa que passa ao meu lado tem uma história de vida. Tem seus choros e risos. E isso me fez abrir os olhos para os desconhecidos.
Essa aula serviu para eu aprimorar a paciência da escuta, ser mais detalhista com os outros e não julgar suas histórias. Definitivamente, esse curso está me preparando para ser muito mais do que uma professora de Teatro. Está me transformando para ser um humano melhor.

quinta-feira, 15 de março de 2012

O início.


Eis que entro naquela sala. As paredes eram todas pretas, formando assim, um quadrado negro. Um luto artístico.
No canto da sala, sentada em uma cadeira, com um sorriso familiar, vi a professora.
Todos, absolutamente todos, tiram primeiras impressões. É algo natural do ser humano, e eu claramente tive a minha quando a vi.
Ela me lembrava um familiar. Não sei se foi o sorriso de conforto no momento de entrada, ou as sobrancelhas cerradas no período em que os alunos atrasados chegavam, mas ela me lembrava... Família.
E foi exatamente sobre isso a aula. O que me fez pensar por um minuto que ela havia lido a minha mente. Isso me assustou.
Formamos uma roda em volta dela, ela continuou sentada naquela cadeira, toda vestida de preto, que a cada minuto, se tornava mais natural para mim.
Ela nos passou uma atividade. Mandou-nos olhar em volta e escolher alguém, levantar-se e convidar o parceiro para conversar afastados do círculo. Era uma escolha cuidadosa.
Aquilo era incômodo para mim, não tenho o costume de praticar jogos com desconhecidos, era desconfortável.
Olhei para a minha colega do lado. Ofereci as minhas mãos a ela, que aceitou. Nos afastamos do grupo, fomos as primeiras a iniciar a engrenagem.
Sentei com ela e começamos a falar... Sobre nós, sobre nossas famílias, sobre sonhos. Era como se eu estivesse abrindo o meu diário para uma pessoa que eu mal conhecia.
 Era, não. Eu estava fazendo isso. E ela o mesmo. Aquele exercício me fez lembrar familiares antigos. De pessoas na qual eu não pensava com tanta freqüência, me fez sentir nostálgica.
Lágrimas caíram de ambas. Acho que encontrei uma parceira tão sensível quanto eu. Ótimo, não me senti envergonhada em chorar.
Depois de um bom tempo de conversa, Wlad nos reuniu novamente em roda e nos deu outra atividade. O objetivo era levantar, ir até o meio da sala, com todos os colegas assistindo, falar sobre a sua árvore genealógica e contar sobre seus familiares e a casa que mais o lembrava como uma “base familiar”.
Eu não sou uma pessoa que tem dificuldades de falar em público, mas assumo, que quando vi aquele Elenco e a Wlad ali, esperando que eu começasse a minha história, me deu certo nervosismo. Bastante para ser honesta.
Falei de todos. De minha avó que é o meu grande exemplo, de todos os seus filhos, e de meus primos, e quando vi a turma, já estavam rindo comigo das histórias cômicas que havia na minha família, segundo Wlad, “como em qualquer família Brasileira”.
Percebi naquele momento, que uma família estava sendo formada diante dos meus olhos. Trinta pessoas, reunidas naquela sala negra, ansiando por melhoras de vida, de profissão, de sonhos. E aquela professora estava lá para auxiliar a isso. Pode ser que a maioria não veja dessa forma, mas para mim, naquela sala escura, naquela Segunda, eu tenha ganhado uma nova família.